quarta-feira, 12 de março de 2008

O desassossego do tranquilo Besq


Piscar de idéias na etérea atmosfera. Misturar de tintas, tilintar de olhares... Como se não bastasse, unido a toda a abstração, um ajuntado de coisas no que se diz ser matéria: Panos, madeiras, pincéis, pigmentos... Brutos, embora munidos de sentimentos. Tudo aquilo que por vezes é desprezível e que vez por outra faz tornar-se necessário. Alquimista que o qualquer transforma em arte, ele é assim: Tem mãos hábeis e pensar astuto.
No que tange ao seu estilo, vamos por assim dizer, livre. Desde o libertário no sentido de viver/criar ao liberto mundo que tão bem consegue retratar: Local dos cactos e dunas, falésias e coqueiros, sóis e luas, dias e noites, entre tantas outras personagens desse seu criar artístico. Pudera meu lar falar, todos vós entenderiam: Paredes marcadas pela presença de cores cadenciadas em busca de uma idéia.
Surrealista por opção e ser vivo de nascença, pouco deixa se definir por sustentar tamanha metamorfose. Dos desenhos estampados em malha aos talhados em metal, passando ainda por murais em casas e fachadas de bares, tem trabalhos espalhados da Romênia ao peitoral mais próximo, assim, como se fosse fácil percorrer o mundo. E muitas vezes o é, basta apenas acreditarmos.
Não obstante lembrar que trata-se de meu desenhista pessoal quando necessito de uma capa para um novo cordel, ato que não falha em realizar (entretanto ao tardar não digo o mesmo). Demora, demora, demora, como se estivesse maturando um pensamento, e quando decide criar, o faz em alguns instantes. Coisa de artista. Mas quanto à qualidade, devo reconhecer, é realmente espetacular. Ao olhar por seu prisma dá um toque de genialidade com sua percepção aguçada e assim consegue nos surpreender, a cada novo trabalho realizado, a cada nova técnica abordada.
Quanto à sua condição de nômade responde dizendo-se cidadão do mundo e que sem fronteiras segue seu caminho, seja Fortaleza, Guaramiranga, Canoa Quebrada, Olinda, Salvador, Jericoacora... Seja onde for e para onde for. Talvez até nem indo. Ficando. Ficando onde melhor lhe aprouver. Ele é assim, de momento. Seguindo seus instintos consegue dar um toque de pessoalidade aos seus atos, mesmo percebedor de sua notória inconstância.
Esvaiu-se no ar novamente, deixou apenas alguns cogumelos espalhados. E mais vestígios e resquícios. Talvez ele volte. Talvez não.

Guethner Wirtzbiki, 11/03/2008

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