segunda-feira, 17 de março de 2008

Soneto de Florbela Espanca

Esse blog não tem intenção alguma de veicular textos de outrem, mas de vez em quando acontece, é como o caso do poema Amar! de Florbela Espanca. Lindo, lindo! Confiram:

AMAR!

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui...além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar!Amar!E não amar ninguém!

Recordar?Esquecer?Indiferente!...
Prender ou desprender?É mal?É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó,cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...

Florbela Espanca

sexta-feira, 14 de março de 2008

14 de Março- Dia Nacional da Poesia

Hoje dia 14 de Março é comemorado o Dia Nacional da Poesia, em alusão ao dia do nascimento do grande poeta Castro Alves.E em comemoração a esta data festiva, o Jornal O Mossoroense, do Rio Grande do Norte, em parceria com o grupo POEMA (Poetas e Prosadores do Mossoró), publicou hoje um caderno especial sobre o tema com vários textos de variados autores. Basta clicar no link http://p.download.uol.com.br/omossoroense/mudanca/pics/pdf/Especial_Poesia_2008.pdf para acessar o caderno especial que está em pdf.
Abaixo, transcrevo o poema de minha autoria que está na página 11 do referido arquivo.

Cobiça

O olhar inquieto da donzela
Estava a contemplar a bela estrela
Numa busca ingênua por entendê-la
No cosmo estampada em negra tela
Pintada no céu por trás da capela
No alto da torre subia a vê-la
Querendo muito em seu íntimo tê-la
Mas o cosmo a essa vontade debela
Pois o real motivo em querer sê-la
Era roubar seu brilho para ela.


Guethner Wirtzbiki, 03/03/2008

quarta-feira, 12 de março de 2008

O desassossego do tranquilo Besq


Piscar de idéias na etérea atmosfera. Misturar de tintas, tilintar de olhares... Como se não bastasse, unido a toda a abstração, um ajuntado de coisas no que se diz ser matéria: Panos, madeiras, pincéis, pigmentos... Brutos, embora munidos de sentimentos. Tudo aquilo que por vezes é desprezível e que vez por outra faz tornar-se necessário. Alquimista que o qualquer transforma em arte, ele é assim: Tem mãos hábeis e pensar astuto.
No que tange ao seu estilo, vamos por assim dizer, livre. Desde o libertário no sentido de viver/criar ao liberto mundo que tão bem consegue retratar: Local dos cactos e dunas, falésias e coqueiros, sóis e luas, dias e noites, entre tantas outras personagens desse seu criar artístico. Pudera meu lar falar, todos vós entenderiam: Paredes marcadas pela presença de cores cadenciadas em busca de uma idéia.
Surrealista por opção e ser vivo de nascença, pouco deixa se definir por sustentar tamanha metamorfose. Dos desenhos estampados em malha aos talhados em metal, passando ainda por murais em casas e fachadas de bares, tem trabalhos espalhados da Romênia ao peitoral mais próximo, assim, como se fosse fácil percorrer o mundo. E muitas vezes o é, basta apenas acreditarmos.
Não obstante lembrar que trata-se de meu desenhista pessoal quando necessito de uma capa para um novo cordel, ato que não falha em realizar (entretanto ao tardar não digo o mesmo). Demora, demora, demora, como se estivesse maturando um pensamento, e quando decide criar, o faz em alguns instantes. Coisa de artista. Mas quanto à qualidade, devo reconhecer, é realmente espetacular. Ao olhar por seu prisma dá um toque de genialidade com sua percepção aguçada e assim consegue nos surpreender, a cada novo trabalho realizado, a cada nova técnica abordada.
Quanto à sua condição de nômade responde dizendo-se cidadão do mundo e que sem fronteiras segue seu caminho, seja Fortaleza, Guaramiranga, Canoa Quebrada, Olinda, Salvador, Jericoacora... Seja onde for e para onde for. Talvez até nem indo. Ficando. Ficando onde melhor lhe aprouver. Ele é assim, de momento. Seguindo seus instintos consegue dar um toque de pessoalidade aos seus atos, mesmo percebedor de sua notória inconstância.
Esvaiu-se no ar novamente, deixou apenas alguns cogumelos espalhados. E mais vestígios e resquícios. Talvez ele volte. Talvez não.

Guethner Wirtzbiki, 11/03/2008

terça-feira, 11 de março de 2008

Correspondência n° 1 acerca do Devir

Para Heráclito devir é um conceito
Que em suma sua idéia em si contém
Qualidade de mudança constante
Perenidade de algo ou alguém
Devir pulsa o desejo de tornar-se
Que no âmago o ser por si já tem.

Já Deleuze interpreta diferente
Como se compreende esta questão
Sendo o viver da ordem do devir
Quanto à ordem da história, há isenção
Viver experimenta o entre, o meio
Devir fuga da formalização.

Porém como te disse anteriormente
Apenas estudo filosofia
Não tenho cacife quão nossos mestres
Para conceituar com maestria
Mas consigo extrair da atmosfera
E transformar o belo em poesia.

Pessoalmente entendo por devir
Mudança sem juizo de valor
Que nunca permite transparecer
A real intenção do seu teor
Se negativamente, qual desgraça
Se positivamente, qual o amor.

É exatamente nesta questão
Que o devir junto ao tempo põe seu crivo
O relógio do tempo avançando
Confirma o seu real objetivo
Que é mostrar ser tudo metamorfose
E o viver ser ato subjetivo.

Minha querida agora eu te pergunto
Paciente esperarei tua resposta:
Quando nos teus momentos de lazer
Quais os afazeres você mais gosta?
( E se aquele tal "pré" for retirado
eu aceito toda e qualquer proposta!)

Guethner Wirtzbiki, Janeiro de 2008.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Mais poemas no jornal O Mossoroense

Informando aos leitores e amigos que mais alguns poemas foram veiculados no jornal potiguar O Mossoroense, dessa vez, Manga Rosa, ontem, dia 02 de Março(http://www2.uol.com.br/omossoroense/mudanca/conteudo/poesia.htm); Barrenta, dia 24 de Fevereiro (http://www2.uol.com.br/omossoroense/240208/conteudo/poesia.htm) e Amando Amanda (http://www2.uol.com.br/omossoroense/170208/conteudo/poesia.htm) e novamente Saudades, dia 10 de Fevereiro, (http://www2.uol.com.br/omossoroense/170208/conteudo/poesia.htm). Para apreciação dos que visitam o SUJEITO SUBJETIVO, trancrevo dois deles. Obrigado pela atenção.

MANGA ROSA
Guethner Wirtzbiki
(Gadelha do Cordel)
guethner@msn.com
(Fortaleza/CE)

No alto da mangueira a manga rosa
Trafega em vai e vem como um badalo
Suspensa por um minúsculo talo
Num balançar de bicha preguiçosa
Rubra fruta que de deliciosa
Em suma o sumo faz ser desejado
Por saber-se que o gosto degustado
É puro e envolvente em seu sabor
Causando saboreio ao provador
E o deixando de fato saciado.

BARRENTA
Guethner Wirtzbiki
(Gadelha do Cordel)
guethner@msn.com
(Fortaleza/CE)

Se os teus lábios eu pudesse beijar
Tua boca seria o meu caminho...
Escrevendo o teu nome em pergaminho
Faço a demonstração do meu pensar.

Aceno com um sorriso ao te olhar
Nos limites internos do meu ninho,
Inicio palavras de carinho
Importantes, mais do que deve achar.

Uma vez percebi cumplicidade
Saltando dos incontáveis olhares
Seus e meus, que cruzam-se inconstantes.

Ah, se fosse o nascer felicidade
Raiando deslumbrante pelos ares
Ao possuir contigo um só instante...