quinta-feira, 3 de abril de 2008

O "Novo Cordel", por Manoel Monteiro

Novo cordel
Por Manoel Monteiro (*)

Venho falando há bom tempo que o - Folheto de Feira - ou cordel, livretos em poesia, tão difundidos no Brasil afora, está vivendo momentos de revitalização. Na vida nada acontece por acaso, tudo justifica-se. Vejam: Muitos dos poetas em atividade estão discutindo problemas atuais, fazendo que seus textos concorram em pé de igualdade com os demais meios de comunicação e levando o seu trabalho poético às escolas de todos os níveis, a ponto de muitas delas já classificarem, sem nenhum constrangimento, o folheto como paradidático. A leitura de uma obra poética é prazeirosa pela própria leveza do estilo literário.
Os poetas brincam de contar Histórias e não é de hoje que vêm acomodando criativamente clássicos da literatura universal na exigüidade das 16, 24 e 32 páginas que os cordéis ocupam. Fora as histórias inventadas (O Vingador da Honra ou o filho justiceiro) têm as histórias recontadas (A Herança do Sultão ou Os 3 anéis da discórdia, de Gadelha do Cordel) e, além disto, ocupam-se de fatos do cotidiano (O Terrível Assassinato de Seis Empresários Portugueses ou O Monstro Lusitano, de Vidal Santos e Klévisson Viana).
É esta diversificação de abordagens que faz do folheto um material de interesse permanente. Se ontem dificilmente encontrava-se à venda um cordel assinado por uma poetisa, hoje, muitos nomes afloram com freqüência e sucesso. A igualdade feminina, tão perseguida, chegou finalmente aos cordéis com obras de VÂNIA FREITAS, ANA MARIA DE SANTANA, CLOTILDE TAVARES, FANKA, LOURDES RAMALHO, JULITA NUNES, MARIA DO ROSÁRIO LUSTOSA DA CRUZ, SALETE MARIA DA SILVA, SEBASTIANA GOMES ALMEIDA, HÉLVIA CALLOU e muitas outras.
Não posso e não devo esquecer-me de mencionar com distinção a nossa prolífera e inspirada MARIA GODELIVIE, que a cada dia nos traz um novo cordel, sempre engraçado, sempre original. A professora e poetisa Godelivie é da nova geração de cordelistas, a mais influente representante (na Paraíba). Leiam O Velhote Enxerido e comprovem.


* Manoel Monteiro é membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, onde ocupa a cadeira de nº 38, patronímica de Manoel Tomaz de Assis.

Esse texto foi publicado no Jornal O Mossoroense no dia 30 de setembro de 2007. Confira no link http://www2.uol.com.br/omossoroense/061007/conteudo/recitanda.htm

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