segunda-feira, 21 de maio de 2007

Conto Publicado em Antologia Nacional

Qual será o destino?
Conto publicado na Antologia de Contos de Autores Contemporâneos - vol.5

Ele estava sonhando, e de repente acordou atordoado. Saiu correndo até a escrivaninha. Buscava por papel. Pegou a caneta. Tentou descrever seu sonho. Um homem sem rosto, a tabacaria, o semáforo. O homem correndo atrás do outro com uma foice. A correria dos que passavam pelo local. Olhou então o relógio e lembrou-se do seu encontro. Já era tarde. Guardou o rascunho do conto sonho, e saiu para o seu compromisso. E para sua surpresa, ao sair de casa, olhou para o lado e viu uma tabacaria. No mesmo instante teve um insight e olhou para trás. Havia um homem correndo atrás dele com uma foice. E então ele correu. Correu e atravessou a rua do semáforo. E logo os populares correram atrás dele. E o rapaz não sabia por que corria. Mas ele corria. E como corria. Eles já estavam perto. Quase estavam alcançando. E o rapaz, mesmo correndo, achava tempo para perguntar-se por que tinha acordado antes do fim do sonho. E por que não tinha escrito o conto todo. (Aquela maldita mania de deixar tudo pra depois). Com suas fantasias, tudo bem, mas mesmo assim teria uma alternativa. O futuro era imprevisível. Que crime teria cometido? Logo ele! E continuou correndo desesperado. Fugindo de não sei o quê e atrás de não sei o quê. Corria prolongando suas dúvidas. Até que, de longe, avistou o pôr-do-sol. E perto do pôr-do-sol, um pontinho preto. Pensou então ser o pôr-do-sol do seu sonho. E o ponto do seu conto. Mas a luminosidade do crepúsculo fez aparecer mais dois pontinhos pretos. E agora eram três. Três pontos, um atrás do outro. E como não é patente ao homem saber sobre o seu destino, ele só viu reticências... Reticências... E reticências...


http://www.camarabrasileira.com/cs41.htm

Poemas na Biblioteca Virtual da Câmara Brasileira de Jovens Escritores, do Rio de Janeiro

Confiram os poemas publicados em antologias nacionais.
http://www.camarabrasileira.com/guethner.htm

Matéria sobre cordel no jornal Correio da Tarde, do Rio Grande do Norte

Confira no link abaixo a matéria sobre o cordel "A História de (mais um) Francisco, o rapaz que queria mudar o mundo", publicada no jornal Correio da Tarde, do Rio Grande do Norte, na coluna Pedagogia da Gestão.

"Dentro do projeto Pedagogia no Cordel, esta semana recomendamos o título A História de (mais um) Francisco, O Rapaz que Queria Mudar o Mundo (Uma Estória de Enredo Político), do poeta Gadelha do Cordel. O autor aborda a condição política e o tipo de político que temos em nossa volta. A seguir, quatro estrofes dessa obra:

"Parte Francisco pra luta
Querendo mudar o mundo
A esperança residia
No seu íntimo profundo
Onde o ideal de paz
Era límpido e fecundo.

Pena que o SISTEMA imundo
Há muito se articulava
E por debaixo do pano
Há muito se movimentava
Alianças infiéis
Que a Francisco limitava.

Enquanto isso ele falava
Sobre o que iria fazer
E sobre toda a mudança
Que iria acontecer
Pois agora a transparência
Iria transparecer.

Pobre! Estava a esquecer
Da tal da burocracia
Que de tão correta aplica
Pejorativa anarquia
Impedindo o andamento
Da real democracia."


A Saga de Franz ou A História de Chico Alemão

A saga de Franz ou a história de Chico AlemãoO cordel trabalha com a narrativa. É um texto em terceira pessoa, com sua função expressiva sempre centrada no outro. Surgido como crônica de um povo sem notícia, o cordel, hoje, diante de tantos meios de comunicação, poderia estar esquecido, não fosse a persistência de jovens talentos poéticos, o exotismo e o encantamento do estilo, e, principalmente, o baixo preço da impressão, aliado à musicalidade, à oralidade e ao poder de comunicação entre os seus leitoresEntão é fácil encontrar, hoje, cordelistas ainda imberbes, versejando em torno de temas atuais. É o caso, entre outros, de Gadelha do Cordel. Gadelha do Cordel é como se assina o jovem cordelista e aluno do curso de Letras da Unifor, Guethner Gadelha Wirtzbiki. Nesse cordel, intitulado “A saga de Franz”, da Editora Palavrandante, de 2006, ele traça a trajetória do seu bisavô Franz Wierzbicki, que nasceu na Alemanha, mas veio residir em Fortaleza na maior parte da vida.O texto é todo confeccionado em septilhas decassilábicas com rimas ABCBDDB, seguindo à risca as normas tradicionais do cordel. Aí vai sendo construído o perfil de Franz desde o seu nascimento, em 1893, passando sua mocidade de minerador em minas de carvão da Alemanha, bem como seu casamento com Hedwig Grete Alma Olga Frentz.Chegando ao Brasil, ainda solteiro, Franz se apeia em Belém do Pará, onde faz amizade com o adido cultural alemão naquela cidade. Mesmo estando no Brasil, sua noiva continuava na Alemanha. Para seu retorno à terra natal, teve que pedir carona como faxineiro em um barco que ia de Belém à Europa.Reencontrando sua querida Hedwig na terra natal, também encontrou no seu nascedouro o tormento da Primeira Grande Guerra. Nesse encontro com sua namorada vem a desdita da convocação para a guerra, muito bem descrita pelo poeta, seu bisneto: “Outra vez o casamento dos dois/ Não poderia ser realizado/ Todo homem tendo idade de guerra/ Deveria defender o Estado/ E sendo Franz viril, robusto e forte/ como muitos não tivera outra sorte:/ Tinha acabado de ser convocado”.Durante a Primeira Guerra Mundial, Franz lutou em territórios francês e russo, na famosa guerra de trincheiras, foi promovido a cabo e conseguiu aprender a língua dos russos. Dado como desaparecido no campo de batalha, sua família chegou a receber condolências oficiais do governo e sua noiva Hedwig mandou pintar um retrato do morto. Quando da inauguração do quadro, Franz aparece salvo e saudável. Contou então para a noiva que estivera internado na Turquia. Finalmente, resolveu casar com Hedwig, em maio de 1918. Foi então que Franz partiu em definitivo para o Brasil. Sem saber o português, aprendeu nossa língua em lições informais de um amigo em pleno Passeio Público, em Fortaleza.Alemão, por conta da guerra, não era bem visto no Brasil. Franz, precavido, dizia-se americano e assim sobrevivia. Passado o conflito e amainadas as relações estrangeiros x nativos, Franz mandou vir da Alemanha a mulher e a filha. Comprou uma fazenda vizinha à propriedade de Daniel Queiroz, pai da escritora Rachel de Queiroz, que era juiz de Direito. Nesses contatos de vizinhos, o alemão contou muitas histórias de sua vida picaresca em tempos de guerra e de paz, para aquela garota que viria ser a grande escritora. Dessa amizade surgiu o convite da escritora para que Franz fosse padrinho do seu casamento.Em dois livros de Rachel de Queiroz, há menção a Franz, em Memorial de Maria Moura e principalmente em Tantos anos, em que ele aparece como “Chico Alemão”. Outro livro em que ele aparece é em Benfica de ontem e de hoje, de Francisco de Andrade Barroso. Franz foi ainda caldeireiro nas “Oficinas do Urubu”, da Rede Viação Cearense, lá para as bandas da Av. Francisco Sá.Com o surgimento da segunda Guerra Mundial, surgiram outros tormentos para Franz. Primeiro, a consciência da barbárie de uma guerra em que muitos iam morrer, principalmente seus conterrâneos; depois, a rejeição que passaria a sofrer dos fortalezenses, por ser alemão, a ponto de, juntamente com Hedwig, ser preso no Corpo de Bombeiros e ainda sofrer um atentado quando estava em casa.Comprando uma casa a José Gentil, no Benfica, na Rua Waldery Uchoa, para ali mudou-se Franz com sua família. Terminada a Segunda Guerra Mundial, Hedwig, que já tinha recebido o nome de Margarida, volta à Alemanha para rever os familiares que escaparam do grande conflito. De volta ao Brasil, é recebida com festas pelo marido e pelos filhos, no dia dez de outubro de 1953. Nesse ponto termina o cordel de Guethner, relatando a morte de Franz. “Naquela noite todos festejavam/ Franz chorou, gargalhou, comeu, bebeu/ Hedwig bailava bela ao seu lado/ Bem quando o inesperado aconteceu/ Foi quando os dois dançavam no salão/ Que parou de bater o seu coração/ E de um ataque cardíaco morreu”.Assim termina esse verdadeiro romance picaresco que foi a vida de Franz. Talvez ninguém se lembrasse, no futuro, da existência desse herói do povo, não fosse a escrita de Gadelha do Cordel, que, tirando do ostracismo seu ancestral, coloca o leitor a par da vida de um entre tantos que batalharam nas guerras das nações e na guerra da sobrevivência. Guethner Gadelha Wirtzbiki, o Gadelha do Cordel, não conheceu seu bisavô, que morrera 28 anos antes de seu nascimento. Contudo, com esse cordel, faz conhecido de muitos, seu familiar herói. Gadelha do Cordel faz parte de uma família de artistas e intelectuais. Primo do poeta Dimas Macedo, ainda conta como familiares seus o também poeta Francisco Silvério, bem como o artista plástico Descartes Gadelha. Esse seu DNA artístico levou-o a, mesmo ainda jovem, ter seus textos publicados em antologias de alcance nacional. Sua tia e também escritora Fernanda Benevides traça com mestria seus dados biográficos, enfatizando, em especial, suas publicações na área do cordel. Aí aparecem obras como “A herança do sultão, ou os três anéis da discórdia”, “A rebelião das Letras”, “A lenda do Boto”, “A peleja do poeta erudito com o poeta popular” e “A verdadeira História de Ismália”.É, no entanto, com esse cordel “A saga de Franz”, que Gadelha do Cordel cristaliza seu amadurecimento poético. Funcionário da Universidade de Fortaleza, onde também cursa graduação em Letras, Guethner Gadelha Wirtzbiki é um exemplo para seus colegas estudantes universitários que se envolvem em demasia com as teorias ministradas pelos professores, mas esquecem muitas vezes de buscar em si próprios a fonte onde os saberes também podem brotar de forma bem mais prática.

José Batista de Lima, Escritor

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=382724

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Segundo baque

Foi-se madrinha também, continuando a apunhalar meu coração que ainda não tinha se refeito do primeiro susto. Que alcance o descanso dos justos onde quer que vá, mas que deixe-me ao menos as lembranças de suas épocas e de nossas memórias. Teu beijo singelo, teu olhar profundo, teus eternos olhos azuis, teus gestos de carinho, a tua bênção sempre a me abençoar... Te amo Ester.
Te amo eternamente
e sou grato por tudo que nos fez .


"...Mas não... brisa da pátria além revoa,
E ao delamber-lhe o braço de alabastro,
Falou-lhe de partir... e parte... e voa...

Qual nas algas marinhas desce um astro...
Linda Ester! teu perfil se esvai... s'escoa...
Só me resta um perfume... um canto... um rastro..."

Castro Alves

Saudades...

Chega um momento na vida
Que as folhas caem no outono
Forrando a cama do sono
Na qual deita em tua ida
Anunciam a tua partida
Obrigando agora aos teus
O sentir do teu adeus
Que ecoa na lembrança
Enquanto planta a esperança
De poder morar com Deus.

Guethner Wirtzbiki, 15/05/2007


Para você Glêdson, com imenso afeto.